quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Um sem o outro não dá mais

Ela: Então é isso amiga, decidimos ir viver juntos e andamos à procura de casa, porque nem ele quer vir para a minha, nem eu para a dele. Assim é território neutro. Escolhemos os dois, mobilamos os dois e não há discussão... (mimimi Ikea, mimimi sofás, mimimi plantas, mimimi cortinados) - desliguei quando o alerta vermelho soou na minha cabeça.
Eu: Mas espera, tu não me disseste que namoravas (só) há um mês com o J.? Ou percebi mal?
Ela: Sim, namoramos há um mês. Mas é um namoro muito intenso, já conheço os pais dele e ele os meus, fazemos tudo juntos, damo-nos super bem e já não conseguimos estar mais do que as horas de trabalho um sem o outro. Não queremos esperar mais.
(...)
Sim, eu sei que estamos em 2009, século 21, eu sei que o antigamente já lá vai, o pedir em namoro e namorar muito e à antiga já não se usa (acho mal, mas pronto) e que hoje em dia a pessoa dá um beijo à outra pessoa e eis que estas duas pessoas se mudam para um apartamento algures porque decidem que não conseguem viver uma sem a outra. Demasiado arriscado ou demasiado apressado?
Sim, também conta o facto de estarmos a falar de pessoas que já passaram os 35, sabem o que querem e acham que a fase do namoro tradicional já não faz muito sentido. Ou melhor, querem namorar muito, mas aproveitar o tempo todo, dormir juntos, acordar juntos, ir para o trabalho juntos, ir ao ginásio juntos, almoçar juntos, jantar juntos, cear juntos, ver televisão juntos, tomar banho juntos, e juntos e juntos e juntos. Acho lindo, mas conheço casos suficientes de precipitação que deram em separação ao fim de pouco tempo. Conheço um, e um apenas, de dois meses de namoro que deu casamento e felizes para sempre até hoje. E já lá vão 10 anos.
Tenho mixed feelings em relação a este assunto: devemos esperar quanto tempo até decidirmos viver juntos? Há uma fórmula, uma equação qualquer, que meça o tempo necessário a garantir o sucesso a uma relação? Sei bem que não. Até porque há pessoas que namoram anos e anos, e só vivem juntas depois de se casarem e acabam por se separar porque afinal não se conheciam, os hábitos diários não são compatíveis e não conseguem lidar com as diferenças.
Não sei as pessoas têm medo de esperar, se têm pressa que tudo aconteça rapidamente ou receio que o outro fuja ou se canse.
O determinante, na minha opinião, não será o tempo que se espera para viver junto, apenas namorar ou casar mal se conhecem, mas sim a consciência que cada um deve ter de que as relações funcionam, ou não, de acordo com a cabeça e os sentimentos das pessoas envolvidas. O resto pode ser (mantenho as dúvidas) história.