terça-feira, 7 de abril de 2009

Sogrinha-do-meu-coração (ou não)

Eu sei que há sogras boazinhas e sogras mazinhas, é como em tudo na vida, pessoas boas, bem formadas, flexíveis e generosas e pessoas assim pró mazinhas, com dificuldade em aceitar a felicidade dos outros, ainda que os outros sejam… os próprios filhos. Pois parece estúpido mas é verdade. E hoje, por coincidência ou não – que eu cá sou como a outra que não acredita em coincidências – reencontrei a mãe do meu ex-namorado e fiquei surpreendida pela festa que me fez. Ainda olhei para trás, a confirmar se era mesmo comigo e, pasmem-se, era! Num sonoro Olá minha querida! Como é que estás? Há quanto tempo! E blá blá blá e o que tens feito e os teus pais e blá blá blá e eu com a minha cara de sostra, lorpa, vá incrédula, a pensar: w-t-f?
Simples: esta senhora detestava-me! Mal me falava nos jantares de Domingo em que o meu ex me “obrigava” a acompanhá-lo na casa da mamã. Ao princípio achei que era normal, ah e tal são os ciúmes que todas as mães têm dos seus filhos, homens. Porque existe aquele estigma que nenhuma mulher é suficientemente boa para o seu petit-bebé-gu-gu-dá-dá, que será o bebé da mamã até aos 50 anos. Mas esta senhora passava todas as marcas! Fazia-me longos interrogatórios tipo Gestapo: Então minha querida, quantos filhos queres ter? E sabes cozinhar? E limpar? E gostas de ir às compras? E como é que dobras as meias? E sabes costurar? e, e, e, e mais e! E eu saía de lá doida! E porque é que a senhora, assumidamente, não simpatizava comigo? Por todas as razões típicas de uma mãe galinha e ciumenta e possessiva e mais duas que se lembrou de apontar, e que são do mais válido e coerente que há: a.) – eu era mais velha que o seu filhinho 2 anos (meu Deus!!! Que diferença abismal!!!). b.) - eu tinha formação superior e ele não (ohhhhh, tadinho… olha, estudasses!!).
E como é que eu sei isto: o dito contou-me, o que agravou aquela aversão que eu tinha à mamã. Hoje dei por mim a olhar para ela, e a pensar: sim senhora, durante o tempo em que podias ter sido simpática comigo, tratar-me como uma pessoa normal que até-gostava-do-teu-filho-e-muito, só me soubeste foi fazer sentir mal, e hoje, que eu já não faço parte da tua/vossa vida, estas armada em minha amiga de há 500 anos! Hipócrita! Cínica! Mãe galinha, egoísta, prepotente, arrogante e falsa!
Fui percebendo, com o tempo e com as conversas que tinha com o meu ex, que os ataques eram dirigidos a todas as namoradas do "filhinho". Todas passavam pelo mesmo detector anti-namoradas e todas tinham um problema qualquer, um defeito qualquer, que as colocava sempre em inferioridade aos olhos desta mãe. Para ela o filho é perfeito e nenhuma mulher é suficientemente boa pessoa, bonita, inteligente e prendada para ser a mulher do seu bebé. Porque só ela, ou alguém à sua semelhança, poderá ser.
E por causa de um horrendo complexo de Édipo e do gigante medo de perder os filhos, algumas de nós sofrem na pele as consequências dos actos de quem não tem a lucidez e a serenidade desejáveis para tolerar, aceitar, confiar e respeitar.
E há também quem sofra isto tudo mas na versão namorado-da-filhinha-do-papá... também não deve ser nada fácil, não senhor.