As mulheres reagem aos desgostos amorosos de forma dramática: não comem, não dormem, perdem o discernimento, a vontade de viver e ficam durante um tempo considerável apáticas, queixosas, carentes, cépticas e perigosamente descrentes no sexo oposto.
Os homens também sofrem, é certo. Fazem um luto que até pode ser intenso, mas não é tão demorado. Conseguem sempre dar a volta à situação em menos tempo (tipo... uma semana, no máximo!) porque há sempre outras mulheres giras e interessantes, há outras coisas para fazer e ver, fins de semana no Algarve, jogos de futebol com os amigos, jantaradas e nights, carros e motas e por aí.
Será mesmo assim? Tenho para mim que nós, mulheres, nos expomos mais que os homens. Isto por culpa de quem? Nossa, pois claro. Porque mulher nenhuma dá crédito a um homem que anda a chorar pelos cantos, a sofrer horrores, a lamentar a perda daquela que ia ser a mãe dos seus filhos e mais uma carrada de lamechices que só aceitamos nas mulheres. Porque é suposto ser assim. Já o contrário...
A imagem generalizada que temos dos homens (que chega a ser um preconceito) é que um homem não chora/não sofre por amor, porque se o faz sem qualquer pudor e publicamente... houston we have a problem, que isto é logo sinal de fraqueza, desiquilíbrio ou bipolaridade.
E a das mulheres é que devem ser sempre muito mártires, sofrer muito quando são deixadas, informar o mundo inteiro da sua dor e do seu desgraçado karma - tadinha, não merecia, tratava-o tão bem, grande porco. Mas deixa que ele ainda se vai arrepender, como ela não há igual e blá blá blá, conversa da treta.
E quando uma mulher não sofre horrores, não chora desalmadamente e até dá ares de estar bem, com pensamento positivo e energia para continuar a viver (porque homens e amores há muitos) é logo vista com uma grande cabra, sem coração, quer é rambóia e já se está é a preparar para o próximo.
É a chamada dualidade entre cabras e cabrões. A doutrina que admite dois princípios ou realidades irredutíveis entre si, inconciliáveis e incapazes de síntese final.