quarta-feira, 29 de abril de 2009

A outra

The plot: eu sei que sou a outra e não me importo. Prefiro tê-lo assim, a não tê-lo, de todo, na minha vida.
Tenho dificuldade em lidar com este tema. Saber que alguém é a outra e vive "bem" com isso. Uma pessoa que conheci recentemente vive uma realidade como esta. É a outra há uns anos e não se importa (muito) com isso. É completamente apaixonada (eu diria vidrada) no homem que a mantém como amante e sabe que ele tem mulher e filhos. Confidenciou-me que tudo começou por causa de um arrufo com a mulher e que ele saiu de casa uma semana. Conheceram-se, apaixonaram-se e estão "juntos" até hoje. Quando no final dessa semana ele lhe disse que ia voltar para casa, ela chorou muito, sofreu, disse que não o queria ver mais. Ele andou atrás dela, insistiu numa conversa e, depois de muitos dias (10, vá) a dizer que não, a paixão e a ausência de discernimento falou mais alto e foi conversar com ele. E desde então que é a outra. Assumidamente, com dor, muitas lágrimas pelo meio e a mesma esperança de sempre: que um dia aquele homem seja seu e só seu.
Eu sei que nós todos somos muito bons conselheiros em relação às dúvidas dos outros, dos nossos amigos, conhecidos e desconhecidos em geral. Damos sempre os melhores conselhos "se eu fosse a ti...", "isso para mim não dava, devias pôr um ponto final", "mas como é que tu vais nisso? eu nunca!", mas quando num dia de tempestade emocional uma situação que foge ao nosso controlo nos acontece é ver-nos a cometer os (supostamente) mesmos erros que aconselhámos a não cometer. Ainda assim tenho dificuldades (sérias) em imaginar-me a viver o papel da outra num triangulo amoroso. Por duas simples razões:
- Em primeiro lugar porque homens (e mulheres) há muitos e sei, de experiência, que é possível esquecer, guardar, ultrapassar um grande amor. Se dói? Claro que sim. Tanto que nem sei. Mas que é possível é. Oh se é! E o amor próprio, a confiança e a certeza que amanhã será um dia melhor, ajudam a cicatrizar as feridas deixadas por um amor impossível, ou quase possível.
- Em segundo lugar porque sou quadrada em tudo o que diz respeito à partilha de quem amo com outras. O meu chip é dos não recicláveis nesse tema. E sabem que mais? Com muito orgulho.