terça-feira, 31 de março de 2009

blá blá blá, whiskas saquetas

E lá veio o assunto do costume, "quando-é-que-arranjas-um-homem-e-filhos-e-tudo-e-tudo?".
Desta vez a pergunta é amplificada pela voz aguda da minha tia (duas oitavas acima do normal...):
"... mas ó filha, tu tens de pensar que não vais para nova e é enquanto estás jovem e és rija que algum homem honesto, trabalhador e de boas famílias, pode pegar em ti. Fico tão apoquentada contigo, filha...". E depois faz desfilar um conjunto de provérbios que me deliciam:
Quem se quer ver sempre se encontra / A ambição cerra o coração / Quem não tem marido, não tem amigo...
E é isto. Uma pessoa vai cheia de boas intenções (e saudades...) tomar um chá com a tia, esperar ouvir falar de tudo e mais alguma coisa, de assuntos importantes como-o-tempo-que-tão-depressa-está-frio-como-calor, "este malvado tempo dá-me cabo das articulações", do sr Zé, o-merceeiro-que-já-não-faz-fiado, da filha da Dona Alice (a cabeleireira do bairro), que-fugiu-com-o-namorado, o Zé Tó, e-que-com-20-anos-já-tem-dois-filhos ("vê tu bem filha!").
Mas não, a minha tia está apoquentada porque eu não tenho homem e tenho de me despachar a encontrar um que me pegue - tipo carne do lombo - e enquanto estou rija. Rija, tipo couve-flor.
E perante isto eu faço aquele meu sorriso 39, que é como quem diz blá-blá-blá-whiskas-saquetas, dou-lhe um abraço e digo "ó tia, antes só que mal acompanhada". E a minha tia, qual raposa que conhece bem a sobrinha, acrescenta "minha filha, quem muito escolhe...".