segunda-feira, 30 de março de 2009

Os filhos salvam mesmo casamentos?!?

Hoje ouvi uma conversa (guilty!) durante o meu almoço que me deixou com cara de belzebu até agora (a mim e à minha amiga que almoçava comigo).
E (agora num tom mais sério) ainda sinto uma uma certa náusea por confirmar (mais uma vez) que ainda há mentes muito pequeninas neste nosso fantástico mundo e que há mulheres que não olham a meios para atingir fins.
Então estavam três amigas, também a almoçar, que conversavam sobre o que parecia ser o assunto do dia/mês/ano/milénio: a não-sei-quantas (supostamente amiga das três) tinha acabado de engravidar. E, pasme-se, tinha tomado a decisão de engravidar sem partilhar nada com o marido e apenas para salvar o seu casamento que há muito ameaçava ruir. Hoje ia comunicar tal notícia ao marido.
Uma das amigas tinha o seguinte discurso iluminado:
- Ó Té, também só assim é que aquela relação podia andar para a frente, caso contrário o Bernardo já se tinha visto livre da Constança há muuuuito tempo. Ela é uma chata, ele um mimado, habituado a ter as mulheres que quer e ninguém aguenta aquelas crises de ciúmes da Constança dia sim dia sim. Por amor de Deus.
A amiga 2 (digamos assim), a que parecia mais sensata das três, defendia:
- Mas ó Rosarinho desculpe, mas eu não concordo. Sabe perfeitamente que um filho não salva coisa nenhuma, pelo contrário, um filho pode é vir cavar ainda mais fundo o fosso que existe entre o casal. E mais a mais, uma criança não pode ser vista como bóia de salvação ou moeda de troca para prender o Bernardo à cadeira da sala todas as noites e aos fins-de-semana.
A amiga três concluiu com "chave de ouro":
- Pois eu cá acho que nos dias que correm a Constança fez muito bem! É dificílimo encontrar um partido tão bom como o Bernardo: bonito, inteligente, bem na vida, berço de ouro e cheio de charme. Claro que isso tem as suas desvantagens, mas queridas qual é o peso do sofrimento de umas traições-zecas de vez em quando com umas russas ou umas brasileiras e voltar sempre para casa e continuar a sustentar a mulher e os filhos, a pagar as viagens e os caprichos, à dor de ficar sem nada da boa vida que a Constança tem? Convenhamos queridas, até a Angelina Jolie engravidou para segurar o Brad Pitt, quanto mais!
E basicamente, para não me alargar muito mais, era esta a brilhante conversa da mesa ao lado da nossa. Confesso que não me choca por aí além. É claro que não é a primeira vez, nem será a última, que ouvimos histórias destas. Mas causa-me sempre desconforto, desilusão e, como expoente máximo, alguma repulsa pensar que uma mulher considera a hipótese de ser mãe apenas com o intuito de salvar uma relação, um casamento e prender alguém para sempre.
Quanta ignorância, quanta falta de amor-próprio, quanto egoísmo, quanta estupidez, quanta mesquinhez, quanta maldade, quanta falta de princípios e valores. E quanta falta de respeito.
Há quem só saiba viver de fachada, por mais alto que seja o preço a pagar. É a subtil diferença entre ser e parecer. E há quem prefira sempre parecer, porque o ser dá muito mais trabalho e implica valores que, infelizmente, não foram incutidos a todos.