palavras
que podiam ser minhas, soubesse eu escrever assim:
«Há vários
tipos de chão. Chão de terra, chão de mar, chão ar. Há chão que não parece
chão. Há chão que o é sem o saber. Há chão para passear. Mas bem-dito chão que
se sabe chão. Esse é o mais difícil de encontrar. Por isso gosto de chão de
pedra. Esse que é tão sólido que se reconhece assim. Nessa confiança que não se
sabe de onde vem, mas ele sabe que é esse chão. Ele dá-se a confiar. Bem
aventurados os que têm esse chão. E sabem. Quando o chão é chão a sério,
reconhece a sua função de fazer erguer cidades ou património. Sabe deixar
erguer sonhos. Esse chão é sábio. Porque sabe o que trás. Sem que ninguém se dê
conta. Esse chão sabe levar. E trazer.» | bárbara leão de carvalho |
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