1. Ver este filme com o Martim.
2. Ouvir esta banda sonora.
3. Fazer esta receita.
4. Namorar este plano a dois.
5. Conhecer este Brunch.
Palavras que podiam ser minhas, soubesse eu escrever assim:
«Não há pessoa que eu conheça que não se
orgulhe da sua frontalidade. Quando questionados, a resposta não é só
afirmativa como assume cariz de bandeira- "eu sou frontal!". Não
levar recados para casa, responder a tudo na cara, dizer literalmente o que se
pensa é entendido como o expoente máximo da liberdade de expressão de qualquer
pessoa que se defina como genuína. Quando, com todas as letras, assumo que sou
pouco frontal, sinto o silêncio a pairar. Como se tivesse acabado de defender a
pesca de baleias ou o espancamento à paulada de focas bebés. E é mais ou menos
por esta altura, em que o silêncio se estende até aos limites da
confortabilidade, que interrompo o espanto e fundamento. Não sou muito
frontal, não. Tenho um terrível receio de magoar quem recebe a minha mensagem
e, creio mesmo, que nem tudo deve ser dito. A dialética causa- efeito tem tempos
diversos, para mim. As mensagens podem ser passadas de outras formas, noutras
alturas, através de outros contextos. Acredito que a melhor forma de dar uma
lição a alguém é colocado na situação inversa e fazê-lo perceber como seria se
recebesse a reação que está habituado a dar. Obviamente que nem sempre o outro
entende o alcance ou sequer, quer saber. Mas, não acredito nessa frontalidade
que se apregoa com orgulho. Nem acredito em quem a veste como um manto.
Acredito, sim, que mais nobre é a capacidade de ouvir, de perceber as razões
dessa reação, e de agir sem magoar e, acima de tudo, sem se magoar. Ando por
aqui. Por aproximações. A ouvir alguns, a perceber outros e à espera que outros
percebam. Tranquila.»
| ana almeida, na sua tão genuína pedagogia |
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