Gosto muito de (os) mimar e
gosto muito de ser mimada. Gosto de fazer as coisas que eles gostam e gosto que
me perguntem se podem ser eles a fazer o jantar. Gosto de fazer surpresas e de
receber sorrisos. Gosto das pequenas mensagens que trocamos durante o dia,
todos os dias. Gosto da sensação de proximidade, de estarmos sempre perto uns
dos outros de ser sempre um até já. Tenho um medo irracional de dizer a
palavra «adeus» a quem gosto muito.
Gosto
desta lamechice boa que somos, do que nos habituámos a dar.
Gosto até que me achem tremendamente pirosa na forma de amar. Porque gosto muito, sem vírgulas ou reticências, deste amor-grande-cheio-de-bagagem
que a vida me deu. Mesmo nos dias em que não somos sintonia, sol e calor. Mesmo
nos dias em que me zango, em que nos zangamos, em que grito mais do que
gostava, em que perco a paciência e a razão, em que choro, em que fico em silêncio,
em que volto atrás, em que dou o braço a torcer e peço desculpa. Desculpa,
desculpa, desculpa. E sofro, e cresço, e respiro, e volto a confiar, em mim, em
nós e na vida. E reconheço que também sou frágil, e é aí que fico mais forte.
Família com bagagem não é um
mar de rosas. Acho que nenhuma família o é. Difícil, tão difícil, e em tantos dias. Ainda assim e mesmo assim, gosto muito de nós. E vou mantendo no lugar certo esta certeza «do que deve ocupar mais espaço no coração.»