2. Este jantar.
3. Estas férias.
4. Esta música.
5. Estas palavras, que podiam ser minhas:
«uma doce
alegria percorre-me o corpo, ainda antes dos meus lábios se unirem para
pronunciar a palavra sul, como um beijo ansiado. um sopro meridional que me
anima e antecipa a palavra mágica, que me aquece o olhar e habita o olfacto de
uma inexplicável doçura, como se dispensasse a necessidade de a pronunciar. o
Sul continua a ser uma transgressão, que me sujeita ao sacrifício da travessia
da ponte e exige o ritual da espera do ferry, para finalmente me escancarar o
horizonte e entregar à volúpia dos mistérios. este Sul que eu amo e de que
sinto uma necessidade tão prosaica como pão para a boca, só existe uma vez
transposta a fronteira do rio, como ponte móvel que me une as margens
interiores. entre uma e outra, fica a nostalgia da minha ambição apátrida, apenas
vislumbrada quando as minhas costas selam os labirintos do Norte, para que o
meu olhar se abandone à plenitude do Sul.»
Jorge Fallorca
» créditos imagem | José Manuel Ferrão