terça-feira, 29 de julho de 2014

Deixar de fazer dieta

Há dois meses deixei de fazer dieta. Deixei mesmo. Olhei para o plano que tinha na agenda e rasguei. Olhei para as avaliações que tinha à minha frente e rasguei. Decidi que não era por ali. Não era com aquela orientação que chegaria ao meu objectivo. 
Procurei outro tipo de ajuda, expliquei que não queria (só) perder uns quilos (para uns meses depois, e com a motivação em baixo, voltar a ganhá-los). Expliquei que não procurava uma "simples" dieta-de-verão-para-caber-no-biquíni. Não. O que eu queria mesmo (o que eu quero mesmo) era encontrar uma nova relação com a comida, com as receitas que adoro cozinhar, com o meu corpo e com aquelas fotografias que me lembram os meus 58 quilos (que já foram 55), e a vida antes de ser mãe. O que eu queria, (o que eu quero), de forma muito realista e sabendo que a idade, as alterações hormonais, a minha tiróide a complicar, e um conjunto de limitações que não me deixam esquecer que há várias mudanças em mim desde aquele ano, era aprender a comer bem e com isso, e com tempo, e sem pressa e voltando a gostar mais do estilo de vida saudável que já foi a minha forma de estar na vida, voltar a ter a motivação, a força e a determinação que sempre tive e que me faziam estar, sem excepção, nas aulas das 7h15 da Sandra Alves e do Sérgio Sousa no meu querido Holmes Place da Avenida. 
O que eu procurava era uma forma, uma via (não uma auto-estrada, mas uma estrada secundária, daquelas que fazemos devagar, apreciando a paisagem, o caminho e as coisas boas que só as estradas secundárias deixam ver) de voltar a «casa», a mim. Encontrar, de novo, o caminho que (até) conheço de cor e do qual me desviei sem saber explicar muito bem porquê. 
Nove semanas depois, uns redondos 12 quilos perdidos, muitos livros lidos, muitas notas, um caderno cheio de rabiscos, recortes, receitas, lembretes, mantras, fotografias, coisas que me deram toda a força para seguir em frente, sei que nesta coisa da mudança (para melhor), nisto de mudar de lugar inseguranças, dúvidas e a procrastinação que mora muitas vezes dentro de nós, o mais importante, o grande desafio, não é começar, mas continuar. Não desistir. Seguir sempre em frente. E pedir ajuda. De todas as vezes que sentirmos vontade. Sem vergonha de assumir as nossas fragilidades, fraquezas, dúvidas e inseguranças.
É seguir em frente com o peito cheio de uma certeza maior que todos os medos, que toda a preguiça que nos cola tantas vezes ao sofá: gostamos mais de nós, lutamos por nós. E essa é a melhor forma de nos sentirmos de bem com a vida, connosco e com quem gosta de nós.