Viver é ter dúvidas e ser atormentado por elas a cada passo do caminho. Sim, existem milhões de mortos vivos que levam aquela vida sem pensar muito no assunto. Pensar muito é se desesperar sempre. Não existe pensar sem questionar, sem duvidar, sem criar. Mas tem a parte boa. A de que pequenas cenas do cotidiano adquirem duplo sentido. Nada é o que parece. Tudo está ali, na sua frente por alguma bendita razão de ser. Dependendo de como são os seus dias, dá até p'ra enlouquecer.
Ter uma vida assim subjetivada pode, então, ser fascinante e ao mesmo tempo angustiante.
E embora por vezes me encontrei invejando a vida senso comum de um servidor público, a única certeza que tenho é que prefiro sim pensar.
Viver pra pagar contas, comprar comida e viajar no fim do ano? Ou viver para começar de novo, independente do término ou início de cada ano. E quando você pensa, você pode se moldar o quanto for, uma hora a ficha cai. Você arruma suas coisas e vai embora. Embora da cidade, embora de casa, embora de um modo de pensar sufocante.»
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