«admiro, muito, sempre que vejo alguém cuidar com ternura do filho de
outra pessoa como se fosse dele. quando se quer com o mesmo carinho, o mesmo
cuidado, como se fosse nosso. quando se tem a mesma aflição permanente.
eu nunca tinha amado por interposta pessoa. amei os meus pais
porque são meus, a minha família, porque é minha. por isso é tão novo e
desafiante amar um ser, não por ele (ainda), mas por ser filho de quem é. amar
o filho de com quem estamos, é das maiores provas interiores - para nós
próprios - de querer. e de vontade, férrea, de ter uma família, uma história
com quem amamos.
e desafiante: a um filho nosso pode-se berrar, exigir,
mandar. sabemos que ele nos irá querer sempre, só por sermos quem o trouxe a
este mundo. ao novo filho, temos de conquistar, de cativar. temos de ser o pai,
mas também o conquistador. temos de amar, mas também saber fazer com que nos
amem. por isso, os novos pais são postos ainda mais a prova. são pais e
namorados do mesmo filho. são educadores e, ao mesmo tempo, conquistadores.
desafio docemente único. sim, eu amo o teu filho, porque é teu. será um
dia um bocado meu, mas será sempre primeiro teu. e de quem o criou contigo. mas
ver-lhe um sorriso por minha causa, faz-me feliz. saber que ele pergunta por
mim, faz-me feliz. ouvir-te dizer o nosso filho, é a emoção mais pura numa
palavra tão simples: nosso. porque mesmo sem o ser, anseio, vibro, sinto-me,
todos os dias, pai dele. porque é o nosso filho. como o nosso amor.»
* créditos deste maravilhoso texto | escrito pelo meu querido, e tão bom escritor, JD no seu blog momentos