sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O último dia de Janeiro. Felizmente.

Já houve horas bonitas e até mornas na primeira e última semana de Janeiro. Mas é difícil agarrarmo-nos a elas, por causa do frio em que vieram embrulhadas. São como castanhas assadas enfiadas num frigorífico: não fazem sentido. O contexto, infelizmente, é tudo.
Tenho trabalhado muito este Inverno. É o contrário da hibernação: uma grande ideia. Não é dormindo que se envelhece. Sobretudo não é dormindo que se contemplam as misérias do Inverno.
Ser humano é dormir pouco todas as noites. Contando com os sonhos, estamos sempre acordados. Somos testemunhas de cada Inverno. Somos capazes de sentir e recordar a vileza dos dias e das noites que passámos.
Não hibernamos, infelizmente. Mas somos testemunhas rancorosas dos maus tempos que não conseguimos evitar. E do bem que nos sabem aqueles que aí vêm.
Não é pouco. Nem muito. É tudo.
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(do muito querido) Miguel Esteves Cardoso