A pessoa perdeu a senha de acesso ao portal das finanças. Uma coisa esperta que se arrumou não se sabe onde e que com as mudanças foi parar a Santiago de Compostela. Que é onde faz falta, portanto. A pessoa tira meio dia para se dirigir a um sítio onde é sempre bem recebida e bem atendida: fi-nan-ças. Antes de ir - e mais ou menos como faz antes de ir para as urgências do hospital, liga sempre para a Saúde 24 e vê se é caso de ir ou de esperar - liga para o número que está disponível no muito friendly user (ah ah ah) Portal das Finanças. Expõe o caso: perdeu a senha, mudou de morada, precisa de pedir uma nova senha, não pode mudar a morada (não tem a senha, right? right), como faz. Pessoa extremamente simpática do outro lado da linha, mas ainda menos conhecedora do que esta-aqui do lindíssimo Código Fiscal: "então faça assim, vá a uma qualquer repartição de finanças, pague 7 euros e compre a senha na hora. e está resolvido!" Pronto, pensei, isto está mesmo de uma simplicidade que estou parva da minha vida. Tu queres ver que ao nível da burocracia está tudo mudado para muuuuito melhor?
Repartição de Finanças da minha área de residência. Toma lá uma fila. Tira duas senhas, as duas erradas. Sobe ao primeiro andar. Toma lá outra fila. Dirige-te ao "guiché". Senhora extremamente "simpática". Exponho o caso. Digo ao que venho e o que me disseram ao telefone. "Aqui não temos senhas. Aqui não temos nada. Se quiser vá à Baixa. Lá encontra." Curto e grosso. Aí vai ela.
Repartição de Finanças da minha área de residência. Toma lá uma fila. Tira duas senhas, as duas erradas. Sobe ao primeiro andar. Toma lá outra fila. Dirige-te ao "guiché". Senhora extremamente "simpática". Exponho o caso. Digo ao que venho e o que me disseram ao telefone. "Aqui não temos senhas. Aqui não temos nada. Se quiser vá à Baixa. Lá encontra." Curto e grosso. Aí vai ela.
Toma lá fila. Tira duas senhas erradas. Sobe ao primeiro andar. Toma outra fila. Espera. Chega a minha vez. Senhora "muito bem disposta" (estamos nas finanças, lembrem-se) nem me deixa terminar o discurso ensaiado: "senhas na horaaaaaaa? SENHAS NA HORA??? Mas queeeeeeeeeeeeeeeeeeeemmmmm é que lhe disse isssssssssoooooo, MINHA SENHOOOORA?" Cheia de medo de levar um tabefe lá lhe respondi: a sua colega da repartição lá de cima e a sua colega do serviço de atendimento telefónico. "Aiiiiiiiiiii que vou já chamar a minha Chefa!!! Ó dona Chefaaaa chegue aqui!! É urgente!".
(Eu cada vez com mais medo...)
"MINHA SENHORA, repita tudo o que disse à minha Chefa!". Repeti a lenga lenga, à espera que o César Mourão saísse debaixo da secretária e gritasse "ah ah! apanhada! isto vai para o Gosto Disto!"
Mas não. Foi mesmo assim e é isto que temos.
Mas não. Foi mesmo assim e é isto que temos.
Resultado prático: nem há senhas na hora para ninguém, muito menos se vendem e ainda menos é chegar, comprar e andar. Há senhas, um conjunto reduzido, na fase de entrega do IRS e seus primos, para contribuintes esquecidos/desorientados (como esta-aqui) e que visam facilitar a vida de quem anda com amnésia (ou quem mudou de casa e perdeu tudo o que era importante, mas pronto).
E então, em que ficamos? Ficamos onde estávamos. Com uma tarde de trabalho oferecida ao fisco.
E então, em que ficamos? Ficamos onde estávamos. Com uma tarde de trabalho oferecida ao fisco.