Não há nada mais perigoso do que jogar pelo seguro. A vida inteira, ouvimos dizer que é melhor não arriscar demais. Que mais vale um pássaro na mão que dois a voar. Que o mais importante é a estabilidade. Que é perigoso voar alto, sonhar alto - e até, por vezes, pensar alto. Sabem que mais? A vida inteira, mentiram-nos. Não há risco maior do que não correr risco nenhum. Conhecem o mito de Ícaro? Preso no labirinto de Creta, Ícaro constrói umas asas de cera para tentar voar por cima das paredes do labirinto e fugir. O seu pai, Dédalo, avisa-o: "Cuidado, não voes muito alto, pois o sol pode derreter-te as asas." E o que acontece a seguir? Ícaro voa demasiado alto... e as suas asas de cera derretem. É assim que se costuma contar a história. A parte que nunca se conta, que é convenientemente esquecida, é a seguinte: Dédalo avisou o filho de que seria igualmente perigoso voar demasiado baixo, porque a água salgada comprometeria a capacidade de sustentação das asas. É curioso. Numa história em que voar demasiado alto e demasiado baixo comportam os mesmos riscos, porque será que só ouvimos falar dos riscos da primeira opção? Porque é mais fácil cair na ilusão da mediocridade. Porque, quando temos medo de explorar o nosso potencial até ao limite, e mais além, quando temos medo de dar tudo por tudo e falhar, então, é mais fácil acreditar que os riscos são perigosos, que a ambição é um defeito e que o difícil é, simplesmente, impossível. Não acreditar em tudo o que nos dizem que "não se pode" - e acreditar mais naquilo que nos faz pensar "eu consigo".
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