É bom poder preguiçar um bocadinho além
das habituais sete da manhã. Acordar com um sol lindo, um cenário branco de
silêncio e paz, poder tirar meia hora só para mim, alinhar pensamentos, repor
energias, agradecer por tanto. Preparar um pequeno-almoço simples, de
recuperação, olhar para a "agenda" dos dias que ainda temos nos Alpes
e ter a certeza absoluta que quando voltarmos à velocidade dos dias, às nossas
rotinas, à distância que nos separa, tudo, mas tudo mesmo, vai correr
bem. Das muitas conversas que tivemos nestes
dois dias de Natal, neste tempo de recolha e de conjugação do verbo ser (em
família), há uma frase do meu pai (entre tantas outras que ficam gravadas do
lado esquerdo do meu peito) que levo comigo: para quem se habituou a fazer
o que tem de ser feito, a ousar descobrir, entre tentativas e erros, o
equilíbrio o mais harmonioso possível dos dois mundos, a usar da resiliência
como a arma de quem sabe esperar pelo resultado das suas lutas, esta pausa,
pequena e ainda assim imensa, que a vida nos ofereceu, dá espaço para repetir de
forma sentida e segura a nossa maior gratidão por tudo aquilo que somos, que
nos deram, e que nos fez chegar aqui. Tudo o mais é a vida como ela é:
perfeitamente imperfeita. Que nos desafia e nos obriga a reinventar em cada dia e assim,
e só assim, sonhar e avançar. Com ou sem medo, mas sempre, sempre, sempre, com coragem e fé.