E até conseguir parar dois dias (daqui a duas semanas) vai ser
sempre assim.
Manhãs em que tenho um pacto com o Sol e me levanto ao mesmo
tempo que ele, manhãs em que saboreio o meu pequeno-almoço sozinha na varanda
enquanto vejo a vida começar lá fora e revejo mentalmente a minha agenda para o
dia. Manhãs em corro para o duche, em que me arranjo em três tempos, em que os
contemplo antes de sair de casa, a dormir, todos tão morenos e de ar sereno,
manhãs que corro, corro muito e procuro dar seguimento a todos os projectos que
tenho em mãos. Manhãs em que só uma boa dose desta energia de ser apaixonada
pela vida, da força de ser positiva e de andar mais feliz só porque ainda é
verão e porque sim, chegam para terminar o dia ainda com energia e vontade de
aproveitar o melhor do meu mundo: a família. São três horas entre o duche do
final do dia, o jantar que é a minha terapia de descompressão e a minha meia
hora de namoro com este amor que é cozinhar e aquele bocadinho que estamos
todos sentados no chão da sala a falar de tudo e de nada. É pouco para as
tantas horas que passamos longe uns dos outros na normal rotina dos dias. Mas
prometemos fazer destas três horas tempo de qualidade, de conversa, partilha,
coisas pequenas do dia-a-dia, graças e palhaçadas do Martim, perguntas e mimos
do mais velho, brincadeiras no chão da sala e espaço para estarmos todos
juntos.
Depois volto ao turno da noite. Trabalho mais duas horas e durmo
as horas que faltam até o sol nascer de novo e começarmos tudo outra vez.
Procuro em cada dia manter o espírito que me apaixona em cada
nascer do sol, em cada novo dia, em cada nova oportunidade: de espanto.