segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Se isto fosse há ano e meio

Podia ter feito mossa no meu ego de mãe. Tendo acontecido agora só confirma a minha teoria: há gente que nunca chega a ser pessoa e que vive numa pequena bolha de actimel onde existem (mesmo) os amiguinhos el casei.
Só assim consigo explicar (mal, já se vê) como é que alguém me diz, no maior tom de espanto e consternação, que não entende como é que EU (pasmem-se, EU!) consegui deixar o meu filho doente, com febre e viroses mil, nos braços do pai, esse estranho, e fui à minha vidinha, trabalhar e fazer pela vida todos os dias durante uma semana. Mas que é lá isso, hum? Que raio de mãe és tu, pá?
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Ora, se isto tivesse sido dito à Sofia, mãe do Martim com seis meses de vida, era capaz de tocar numa pequena hormona mais sensível e fazer-me pensar, pensar, pensar e sentir-me a pior do mundo. Como foi dito à Sofia, mãe do Martim de dois anos, que cresceu com o Martim, que amadureceu, que aprendeu a relativizar e que, acima de tudo, trocou o certo pelo incerto, que moveu mundos pelo seu projecto-de-vida-maior, a família, que fez uma verdadeira travessia do deserto para estar aqui, agora, no lugar ao sol que custou tanto a conquistar e que a faz sentir feliz, muito feliz, só faz rir. Mas rir com vontade e na cara de quem ainda não avançou no século. Que pena.