terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Uns e outros

Já me tinha esquecido de como é andar aqui pelas lojas e ouvir falar português misturado com um francês macarrónico. "O que é que achas cette saia noir", fez-me virar a cabeça e trocar olhares com duas amigas que se esforçavam para que ninguém percebesse que eram portuguesas.
Já me tinha esquecido que os portugueses, muitos, ou muitos dos que vejo/"conheço", preferem falar francês do que português, impõem esta vontade aos seus filhos e não permitem que se fale outra língua que não a do país onde estão. Giro, giro (então não) é quando os miúdos (crianças) se distraem e começam a chamar pelas mães e a misturar o português que ouvem em casa com o francês que os obrigam a falar na rua. ("Ó Mãeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee).
Até aqui tudo bem, cada um sabe das suas opções e dos hábitos/cultura/valores/princípios que pretende incutir aos filhos. A única coisa que não entendo é que algumas dessas pessoas critiquem abertamente quem opta por um método diferente e julguem (como absolutamente inadequada) a opção de quem quer manter a língua materna como a de hábito. É o que acontece na nossa casa, em que todos sabem falar francês/alemão, os miúdos frequentam creches e escolas suiças, mas ninguém, ninguém mesmo, fala outra língua em casa que não a de Camões.
É uma regra, um hábito de sempre, um costume, um princípio e a vontade de que os mais pequenos conheçam e respeitem a língua dos pais e avós. É, acima de tudo, um grande orgulho nas raízes que nenhum de nós quer esquecer.