quarta-feira, 4 de maio de 2011

Contar ou não contar, eis a questão

Eu não acho que seja nada linear a decisão de contar a uma amiga que vimos o marido em situação comprometedora com alguém. Não acho que seja trigo limpo e "se fosse cá comigo nem pensava duas vezes", como ouvi um destes dias. E não acho que seja assim tão simples porque já senti na pele os efeitos perversos que uma decisão nesse sentido [contar] pode trazer a uma amizade. A minha acabou. Contei à pessoa em questão, minha amiga há 10 anos, o que tinha visto [mais do que uma vez], quando, como, com todo o cuidado e carinho que ela me merecia e que a situação implicava e essa pessoa, minha amiga, após ter conversado com o marido, do mesmo ter jurado a pés juntos que era só uma colega de trabalho e que só tinha estado com ela num hotel por acaso, uma vez, e a trabalho numa outra..., e  de ela ter decidido acreditar no que ele lhe dizia, no amor eterno que lhe jurava e que era tudo confusão de quem lhe tinha contado, afastou-se de mim. Ligou-me para me contar o que se tinha passado e depois desse dia nunca mais a vi. Evitou-me a todo o custo e passado algum tempo desisti de lhe ligar, de a procurar. Custou-me muito. Ainda hoje quando penso nessa história fico com um nó na garganta.
Na altura achei que estava a fazer o melhor. A fazer com a minha amiga o que gostava que fizessem comigo e acreditei que ela preferia conhecer uma verdade feia e dolorosa, do que andar a viver uma mentira bonita e floreada. Pelos vistos enganei-me.

Hoje, depois de me terem colocado a mesma questão [contavas isto que eu vi à tua melhor amiga?], já não tenho as mesmas certezas. Acho que há muita gente que prefere não ver o que está à sua frente, que prefere viver de aparências [porque no fundo, no fundo, sabem o que se passa] e que quando confrontados com a realidade se viram contra o mensageiro. E muitas vezes, como aconteceu comigo, 'matam' o mensageiro.
E isto pode ser um dilema quando se gosta muito, mas mesmo muito, da pessoa que anda a ser enganada e não se sabe o que é melhor: deixá-la na ignorância, esperar que descubra sozinha [se descobrir] ou confrotá-la com uma dura realidade e correr os devidos riscos.