terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sair ou não com o bebé

Primeiro achei que a senhora estava a brincar comigo, depois percebi que falava a sério quando dizia que admirava a minha coragem por vir com o Martim tão pequenino à rua. Não estava a entender nada e pensei que me estivesse a criticar - [tal como aconteceu este fim de semana, em plena Zara, quando uma senhora se virou para nós e disse "e trazem o menino para um sítio destes!", como quem diz "e trazem o menino para esta grande casa de alterne que é a Zara, parece impossível!". Mas não, desta vez e no meio do meu cafezinho, que já receava cair-me mal, não era crítica e a senhora lá explicou:

"eu nunca fui capaz de vir com o meu filho bebé para a rua, estava sempre com medo que alguma coisa acontecesse, que ele começasse a chorar e eu não soubesse o que fazer, que me atrapalhasse com o carrinho, que ele fizesse cocó e eu não o conseguisse mudar na rua... olhe, nem em casa fazia nada, nem banho tomava, não arrumava nada, esperava sempre que o meu marido chegasse para começar o meu dia, e o meu dia começava às 7 da tarde. Até essa hora fazia a vida do bebé: dormia quando ele dormia, dava leite, banho, trocava fraldas, brincava, etc., mas não fazia mais nada. Por isso, quando a vi aqui tão descontraída com o seu bebé, lembrei-me de como eu era e admirei a sua coragem e a das mães modernas, de hoje em dia".

E eu que achava que era uma pieguinhas com o Martim e que, quando é preciso sair, levá-lo comigo era o mínimo dos mínimos. Confesso que quando temos de ficar muitas horas fora de casa, nas consultas, ou compras ou um programa mais demorado, stresso um bocado, porque o Martim fica irritado e irrequieto por estar muitas horas na Coque, tem dias que dorme o tempo todo, outros que não dorme nada, e não tem ainda um padrão de comportamento. Ainda assim, nunca deixei de fazer nada por causa dele.
Às vezes conhecer outros episódios, outras realidades, descentra-nos e isso é bom. Isso e sair de casa com o Martim, o carrinho, o saco kitado com tudo e mais alguma coisa e a certeza de que apanhar ar, ver pessoas e conversar um bocadinho faz bem, a mim e a ele.
Só em dias de chuva e muito frio é que ficamos, imperativamente, os dois quietinhos em casa, junto à lareira, a ver os aristogatos (ele adora os sons e os movimentos) e a beber chazinho. Também é bom, muito bom.