quinta-feira, 20 de maio de 2010

Temos de falar - take 2

Eu ouvi esta maravilha de frase, que alguém muito mauzinho inventou, duas vezes na vida. Uma ipsis verbis e outra com uma variante floreada "preciso muito de falar contigo". Das duas vezes o resultado foi sempre o mesmo: "andei a pensar, sinto-me confuso, o problema não és tu, sou eu, eu não te mereço, preciso de espaço, preciso de tempo, as coisas já não são iguais, preciso de pensar no que quero da vida, tu mereces mais do que eu...", bla bla bla, dá logo vontade de os mandar para aquele sítio bonito.

O ideal nestas coisas, digo eu, é ser sincero. Custa? Custa. Temos de enfrentar os sentimentos de alguém que (aparentemente) está bem na relação e que não antevia o seu fim? Sim, temos . É duro? É. Mas tem de ser? Tem. Ou deve, porque uma amiga minha diz que a sinceridade nestas coisas só prejudica...

Não vejo como, mas entendo onde ela quer chegar. Ora acompanhem:

- diz ela que os homens, (e acho que nós mulheres também), gostam de ouvir que a culpa não é deles, que é nossa, que eles até se esforçaram, nós é que somos muito exigentes, que eles até deram tudo o que tinham pela relação, nós é que não soubemos compreender, e que o problema está connosco e nunca com eles. Ficamos com uma fama monumental de cabras, e eles com ar de bambis armados em vítimas. Os moços ficam a achar que até são uma jóia de rapazes, o sonho de qualquer sogra, e embora não consigam agradar a todas, alguns ainda se poderão interrogar se não conseguiriam ser melhores para atingir o cumprimento dos desígnios das mais exigentes... E é este o objectivo, diz a minha amiga no alto da sua sabedoria: pôr os homens a pensar.

Eu não sou fã desta teoria (sorry friend) de sacudir a água do capote dos outros e engoli-la toda de forma cínica e encapotada. Mas vai na volta ela até tem razão e eu é que sou bambi ao ponto de achar que todas as pessoas preferem uma verdade dura, por mais feia que seja, a uma mentira, ou pseudo-mentira, linda, cheia de floreados, mas a cheirar a estrume.