terça-feira, 25 de maio de 2010

Quer-me cá parecer

Que ando enganada. Ou não.

Vocês acham, por acaso, que alguém conhece (muito bem ou muito mal. acha que conhece) uma pessoa só pelo que essa pessoa escreve num blog ou num livro, ou numa crónica, ou no Facebook ou nas paredes das ruas? A sério, acham?

Acham que alguém consegue perceber com exactidão quem são, que sonhos sonham, que vida vivem, que comida comem, que família têm, que piadas contam, que dificuldades passam, que desgostos sofrem, de que essência são feitos, qual o humor que compõe os seus dias, que espelham com profundidade o que são e o que querem ser, nos seus blogs, páginas e derivados?

É que eu acho que não. Que aqui, na blogosfera, como na vida real, nem tudo o que parece é, e que todos (de forma legítima e uns mais que outros) usamos filtros para nos protegermos, para escrever só o que queremos, só parte do que sentimos, parte do que vivemos e que isso não é, de todo, condenável. E acho, também, que é impossível dizer que se conhece muito bem uma pessoa só e apenas através das suas palavras.
Podemos fazer uma ideia de como a pessoa será? Sim, podemos. Podemos dizer, com base na escrita, na expressão, nas alegrias e nas tristezas, que nos identificamos mais ou menos (ou nada) com alguém? Sim, sem dúvida. Mas formar uma ideia e acreditar que a pessoa é precisamente aquilo que escreve (sem margem para mais ou menos), parece-me redutor.

Mas isto devo ser só eu que acho.