Ela: sabes, ele anda esquisito, anda sempre com o telemóvel para todos os lados, nunca o larga nem por nada, nunca tem som, se eu lhe peço para ligar do dele para a minha irmã ou à mãe dele, faz sempre a ligação e depois é que mo dá para a mão... entendes? Achas que se passa alguma coisa? O que fazias? Pode não ser assim nada de mais... Porque por outro lado ele anda todo querido comigo, mais até do que é normal. Compra-me imensos presentes, anda sempre de volta de mim, marcámos uma viagem que não estava planeada... fico mesmo sem entender nada. Até já lhe perguntei se espera alguma chamada ou alguma coisa e ele diz apenas "ah, ficaram de me mandar uns reports urgentes" - mas depois não lhe digo mais nada, porque não devem existir reports urgentes todos os dias, pois não?... Que angústia.
Eu: que é estranho, é, sobretudo quando me dizes que ele nunca teve esse comportamento, portanto algo mudou. Depois, podem ser mil e uma coisas, mas cheira-me mais a "amiguinhas" e troca de mensagens ... bom, qualquer coisa fora do normal é. Se fossem coisas "normais" ele não tinha esse pânico todo de andar sempre com o telemóvel atrás, até para ir evacuar. Por isso, minha querida, acho que sim, que se passa alguma coisa e que deves falar com ele e perceber (ou tentar perceber) o que se passa. Dizem os entendidos, que um dos primeiros sinais de traição (ou intenção de) é o dormir com o telemóvel colado à almofada - exagerando, claro.
Ela: oh, lá estás tu a achar que se pode passar tudo. És tão desconfiada. Podem ser só preocupações de trabalho, pá! Se soubesse que me ias dizer isso, não te pedia opinião.
E foi isto. E eu não disse mais nada, porque acho que não vale a pena e porque acho ainda mais que é mais cego aquele que não quer ver. E esta minha colega está a achar que o namorado anda com o telemóvel à tira-colo tipo sombra, porque tem preocupações de trabalho. Homem nenhum, apenas preocupado com o trabalho, faz isto, certo? Até porque por alguma razão inventaram uma coisa que se chama som e outra que se chama volume e que são reguláveis no dito aparelho de comunicação. Ouve-se se quisermos ouvir, mesmo que estejamos sentados à mesa e o bicho (o telélé) esteja a descansar no sofá. Não sei, digo eu.
Portanto, o que vos digo é que lindo e amoroso é perceber que aos 32 ainda há quem acredite em anões, no coelho da Alice no país das maravilhas e na carochinha. Acho mesmo fofinho, pá. Só não entendo (e acreditem que me irrita) porque é que algumas pessoas nos pedem opinião sobre um determinado assunto e depois nem ouvem tudo o que dizemos até ao fim e já têm a dúvida solucionada, apenas a querem verbalizar para ver como soa a melodia. Não entendo, mesmo.