segunda-feira, 30 de novembro de 2009

As minhas reflexões #3 - Se eu quero re-aprender a adormecer?

Quero.
Eu acho o acto de dormir com a pessoa de quem gostamos tão especial, tão cúmplice e tão bonito, que me faz sempre imensa confusão perceber o que leva alguns casais acharem normal adormecerem de costas voltadas - como o caso da T. e do marido, casados há um mês: "Faz-me confusão adormecer colada a ele. Cada um tem o seu espaço e eu gosto assim. Comprámos uma cama gigante só por causa disso. Faz-nos bem. Às vezes até não me importava que tivessemos camas separadas."
Adormecer de mãos dadas, adormecer a fazer conchinha (tão bom) adormecer nariz com nariz, adormecer a sentir a respiração, o bater do coração... é o que torna (também) uma relação especial e cúmplice, não é? Se sim, porque é que há pessoas que descuram esta proximidade, que descuram este aprender a adormecer juntos e não têm este acto como um momento importante de proximidade, partilha, protecção, cumplicidade e amor? Às vezes entendo. Mas na maioria das vezes não. Porque para mim, mais importante do que duas pessoas serem compatíveis na cama, no acto propriamente dito, faz-me mais sentido perceber se sabem, conseguem e querem aprender a adormecer juntas. Podem não saber ainda, mas querem? Ou são como a T. e o marido e este não é um momento importante?
E as vezes que eu entendo esta dificuldade em adormecer juntos e procurar a partilha de um espaço e de um momento, prende-se com a sensação de que algumas pessoas (e não me excluo do grupo) tenham reservas em re-aprender a adormecer com um alguém, depois de muito e muito tempo a adormecer sozinhos, com uma cama enorme só para nós, em que uma segunda almofada faz "a vez" desse alguém especial que tarda em aparecer e conquistar o lugar que pertence à almofada...
Se é fácil? Não. Mas possível? Sim. Como tudo na vida. E se quisermos, claro. O pressuposto é invariavelmente o mesmo: para um tango são sempre precisos dois.