domingo, 25 de outubro de 2009

Um Domingo assim

Ontem cheguei exausta. Oito horas em pé, em cima de saltos (que até nem eram muito altos) mata* qualquer uma. Muita conversa, muito sorriso e muito formalismo, como tem de ser.
Casa, finalmente. Sobrinhos. Três. Babysitting. Muitas saudades, muito riso, banhos, jantar, historinhas de encantar e de embalar. Grey e etc pelo meio. Adormeci com eles. Acordei com eles. Fizemos crepes para o pequeno almoço, com compota de morango e Nutela. Ficámos com bigodes de chocolate. Brincámos às barbies e às professoras (com as meninas) e ao cavalinho (com o bebé). Fomos ao parque, de bicicletas, triciclos e trotinetes atrás, um filme. Andei de baloiço e lembrei-me dos meus tempos de infância no quintal da minha avó, a cantar Cinderela do Carlos Paião. Ai como eu era romântica. Hoje consigo ser ainda mais. Não era suposto irmos perdendo esta capacidade de acreditar em Príncipes? De aprender com os erros que vamos cometendo com os mister wrong que encontramos pela vida? Parece que não. Enfim.
A Madalena interrompe os meus devaneios e pergunta porque é que não pode chorar. Porque é que a educadora (a Nina) lhe ralha quando ela chora. É difícil responder. Somos condicionados, desde pequeninos, a reprimir o que sentimos e chorar, que é uma das formas de expressão mais naturais, é sempre visto como algo negativo. A minha pequenina M está confusa. A tia também. Nada de extraordinário, portanto.
A Beatriz fala-me dos colegas da escola, das zangas sérias com as amiguinhas, porque brincou mais com uma do que com outra e ficaram chateadas. Porque quer ser patinadora e a mamã não acha piada. Porque há um miúdo na escola que a chamou de loira e ela não entendeu. Aos 8 anos a vida começa a complicar-se...
O Francisco arrisca os primeiros passos. Cai tantas vezes, mas sorri. É tudo novo, todo ele é sol, um imenso sorriso e uma gargalhada que me enche de orgulho.
Final da tarde, fomos ao circo. Um delírio para os miúdos, um aperto no coração para mim. Nunca gostei muito de circo. Não aprecio o espectáculo em si e não acho especial piada às graças dos animais. Além de que me custa saber o que estes pequenos sofrem, e a forma como são tratados. Anyway, tinhamos bilhetes, eles adoram, a tia foi. E no fim valeu a pena. Os meus pequeninos póneis estavam felizes, cansados, mas muito felizes. A mamã chega, é a festa geral, deliram com a mamã. Elas atropelam-se a contar as aventuras deste dia, ele dá pequeninos gritos de alegria e pula do meu colo para o da minha mana. A mamã..
E eu... eu delicio-me com domingos assim, em que sou (quase) mamã a tempo inteiro e me convenço que tenho um estágio (quase) completo de como desempenhar este papel tão gratificante. De forma imperfeita, é certo, mas não serão assim todas as mamãs? Perfeitamente imperfeitas? Espero que sim. Espero mesmo que sim.
* - Esqueci-me completamente das dores nos pés, na coluna e na cabeça. Este foi o melhor bálsamo para o meu fim de semana. Aliás, melhor seria impossível.