segunda-feira, 20 de julho de 2009

Efectivamente, sem moralizar

Eu não tenho filhos. Quero ter, um dia, e vou ter.
Este podia ser o início de um post cor-de-rosa sobre o milagre da vida, e tudo muito lamechas e tal, mas não é, de todo.
Sei porque as minhas amigas (e irmã) mães o afirmam todos os dias, e porque acredito muito, que o amor por um filho é incondicional (o único que dura a vida inteira e mais alguma). Sei que a maternidade muda todas as mulheres (para melhor), bem como alguns homens (aquela minoria especial, que já falei algures por aqui), que faz rever as prioridades e nos liga para sempre a um amor e um estado de vigília constantes, sem flutuações. Acredito que ser mãe, e pai, é o melhor do mundo. E acredito que os filhos são a extensão de cada um de nós. Do melhor de nós.
Sabendo tudo isto, e perdoem-me desde já, mamãs e papás, confesso que fiquei com mixed feelings quando, numa conversa recente, ouvi algumas mamãs (e aqui onde estou são muitas), dizerem que precisam de férias dos filhos... que precisam de estar duas semanas longe dos filhos, porque precisam de tempo para elas, para viajar, para ir às compras, para estar e namorar com os maridos e que os filhos dão tanto trabalho que se chega a um ponto de exaustão emocional.
Mais um pouco e vou ouvir estas mamãs dizerem que compraram o livro da Corinne Maier e que também elas são capazes de apontar 40 razões para não ter filhos... Só não entendo como é que uma mãe de dois filhos escreve um livro apontando razões para não os ter. Como é que uma mãe se refere aos filhos como "eles custam caro, poluem e aprisionam".
A verdade é que há quem adore crianças, mas não 24 horas por dia. E como diz o Rui Reininho numa música que adoro:
"adoro as pulgas dos cães
todos os bichos do mato,
o riso das crianças dos outros
cágados de pernas pró ar...
efectivamente gosto de aparência
imponente ou inequívoca
aparentemente sem moralizar".
Aparentemente, sem moralizar. Claro.