Há pessoas que começam uma relação com alguém numa postura do género “Oh, perder também não perco nada, deixa lá ver no que isto dá. Até gosto dele e se não der certo parto para outra”. Aceito que esta seja uma visão prática da “coisa”, uma protecção e uma defesa (mesmo que sem ataque). Mas confesso que me faz alguma confusão a forma como as pessoas não se entregam, porque já partem com reservas. Se falhar falhou. Se der certo melhor.
Uma colega minha está como o tolo em cima da ponte “não sei se vou, não sei se fico”. Gosta de um rapaz, é correspondida, andam naquela fase inicial mas sem nada assumido e interroga-se se vale a pena avançar mais… tem medo que não dê certo, tem medo de se magoar, tem medo de perder. Diz-me que o feitio dele é “difícil” e que não estão sempre de acordo. Que são os dois teimosos e quando discutem, por qualquer razão, nenhum deles cede… Pois que entendo o receio, mas acredito mais, muito mais, no poder que o amor tem (aquele, o verdadeiro) e que ensina a limar todas estas pequenas arestas…
Quando me contam estas histórias lembro-me sempre daquele texto do MEC que me inspira a olhar para o amor de forma positiva, sem medo, sem reservas, de braços e peito aberto…
"A esperança e a ilusão são provas do coração. valem por si. Feliz de quem tem a coragem e imaginação suficientes para se iludir. Raios partam a cobardia vigente de quem tem tanto medo de se desiludir que se coíbe, logo à partida, de acreditar no que não esteja comprovado. Como no amor: corre-se o risco de falhar, de tudo perder, de sofrer. Mas que importa isso... se, se corre o risco de tudo conseguir ganhar?".
E eu... eu avanço, sempre. E mesmo sem ter o hospital das feridas emocionais como escudo da minha entrega, mantenho por perto a caixa dos primeiros socorros… é que se por acaso cair e me arranhar, posso sempre passar água oxigenada, fazer um curativo simples e… continuar. Porque ela, a vida, continua. Sempre.