quinta-feira, 14 de maio de 2009

Dar um tempo

"Amor, vamos dar um tempo... o problema não és tu, sou eu. Ando confuso, não sei o que quero... sei que te amo, tu és excepcional (e maravilhosa, e linda como a Gwyneth Paltrow - que deve ter ouvido o mesmo do anormal do Brad Pitt - e mais blá blá blá, whiskas, versão sardinha assada - que neste ponto da conversa já desliguei e já estou em modo deves-estar-a-gozar-comigo...), eu é que não presto e tu mereces que te ame mais... preciso de pôr as ideias no lugar".
Bem, é certo que já passaram mais de 10 anos desde que eu ouvi este belo discurso ensaiado de um grande atrofiado que não teve coragem para terminar o namoro comigo de forma honesta e clara. E eu, tótó da serra, caí na cantiga, fiquei cheia de pena dele, (tadinho, deve estar a sofrer) e ainda era amiguinha dele e dava-lhe apoio no período de tempo que o menino precisou... Ai pá, que bambi, que bambi! Mas também quando acordei pra vida, acordei mesmo!
Isto não parece música para boi dormir?? Mas há alguém que ainda caia nisto?? Pois há! Hoje, ao almoço, uma colega minha contava-nos um episódio semelhante que a irmã está a viver. O namorado disse-lhe que andava confuso e que queria dar um tempo... confuso?? Tempo?? Ó meus amigos, vamos lá ver aqui uma coisa:
Quando não dá não dá! Bora lá chamar as coisas pelos nomes. Isso do tempo é uma grande tanga, porque quando se chega a esse ponto da relação, podemos começar a preparar a nossa malinha e partir para outra.
E prestai atenção rapaziada:
- confusos ficam os peixes, quando saem do aquário gigante da loja onde viviam felizes e contentes, com mil amiguinhos coloridos e que os entendiam como ninguém e são apanhados por uma rede minúscula verde, cheia de musgo e os atiram para dentro de um saco plástico transparente, antes de serem mudados para o aquário lá de casa, que não é bem um aquário, mas um bibelot (ai que linda esta palavra) comprado na "Casa", que é mínimo e que nem permite ao peixe dar mais que uma volta ao quarteirão. Resultado prático: passa a ser um peixe atípico, com memória. E nestas alturas eu, que já passei por uma destas, confesso que gostava de ser um Golden Fish, para ter memória de 7 segundos e nem me lembrar de ter ouvido uma história cujo enredo julgava extinto, fora de moda e de circulação.
Pedir para dar um tempo à relação, quando se sabe que não há volta a dar, é procrastinação, adiar o inevitável. É certo que a vida às vezes nos troca as voltas e que as dúvidas que tinhamos até se dissipam com esta meia-separação e nos fazem (e nós mulheres e a eles, homens) perceber o que realmente querem. Não sou segunda opção. Nunca fui e duvido que venha a ser algum dia. Mas depois de já ter visto, ouvido e sentido tanta coisa, acredito que às vezes vale a pena recomeçar o que parou um dia porque alguém estava "confuso...". Mas, tal com no tango, são precisos dois e tal como na música "talvez no fim de tudo haja força para recomeçar."