Que a vida é puta já todos sabíamos, que às vezes nos deixa sem chão, também todos estamos fartos de saber. Mas o que dizer a uma amiga que ao fim de quatro anos (não meses, anos) de casamento é confrontada com a recente (?) orientação sexual do marido… o que dizer a uma amiga que está desesperada com o fim do casamento, que está desesperada porque o marido, o homem dos sonhos da C., lhe confessa que está apaixonado por outro homem, que é gay, que sempre foi mas que tentou ser “normal”, que a ama muito como pessoa, amiga, companheira e mulher, mas o que realmente quer é mais forte do que ele e que ganhou coragem para assumir de uma vez por todas a sua verdadeira essência… o que dizer?
Eu fiquei sem dizer nada, abracei a minha amiga e só conseguia balbuciar um “oh minha querida…” e mais nada, de nada. Rien.
Não me choca, de todo, que o D. seja gay. Não me choca nada que queira pôr fim ao casamento com a minha C., porque se apaixonou por um homem. Considero-o muito corajoso por ter a honestidade, a transparência e a segurança que são necessárias para dar um passo como este e estar disposto a enfrentar o mundo preconceituoso em que vivemos. Apesar de não ter gostado da traição, e da procrastinação em ser honesto com a C.
E a pergunta que a C. me fazia (de uma forma completamente transtornada e sem rumo) era: mas o que é que achas pior? Ser trocada por um homem ou por uma mulher?
É que nem sei... mesmo.
