terça-feira, 24 de março de 2009

Mas quê? É de mim, ou tá tudo doido?

Mas que carneiragem é esta que me irrita solenemente? Tá tudo com medo do chefe, tudo com medo de expôr as suas ideias e dar as suas opiniões! Mas será que alguém lhes explicou qual é o objectivo de uma assembleia? (também, eu até entendo, só um francês completamente alienado - aka o meu chefe - é que se lembraria de chamar assembleia a uma reunião semanal com 7 artistas da bola, para discutir o futuro da empresa e afins, que é como quem diz: ele debita matéria e nós fingimos que tiramos notas, fazemos aquele ar de "eureka, este homem é um génio e-na-frança-é-que-eles-são-todos-muita-espertos" e dizemos a tudo que sim. Ehpá, a tudo não, eu não sou propriamente a Che Guevara da Av. da Igreja, mas também não sou Budha (que adoro, by the way). Yes woman é que não!
Então estavamos nós reunidos nesta alegre assembleia, quando o meu chefe saca da cartola o seguinte assunto de estado, delicado e sempre alvo de grandes trombas, suspiros, granadas camufladas e prestes a sair da carteira de alguma das minhas colegas (ou da minha, que sou Zen mas não sou parva):
Despesas pagas pela empresa. Ora aí vamos nós...
Assim que ele pronuncia (com sotaque cheio de r's, claro está) este assunto, parece que de repente um cardume, matilha, enchame, e tudo o que é em massa, de bichos da madeira ataca as cadeiras onde o proletariado está sentado (nós) e é ver-nos a fazer a dança da cadeira, com a diferença que aqui não há música nem andamos à roda feitas tansas (por acaso até devia ser um momento bem giro - tipo tesourinhos deprimentes).
Então não é que o inteligente se lembrou de cortar nas despesas suportadas pela empresa? E diz-nos isto assim, sem mais nem menos, sem qualquer enquadramento, zero! Anunciou apenas: vamos diminuir custos e algumas das despesas que eram suportadas pela empresa, deixarão de o ser. E é isto. E ali ficou a olhar para nós, em silêncio, qual cartoon da Mafalda, e ninguém se manifestava. Claro que tive de lhe perguntar "what the hell do you mean?" - em francês, que é ainda má lindo! Ah e tal, começa ele, isso depois vocês vão ver quando apresentarem as vossas despesas, quais é que pagamos e quais é que não vamos pagar. Hein? Oi? Quê? Hããã?? Comment ça va?
E dentro de mim começa a ganhar forma o Hulk... ehpá, não gosto nada, mas quando o acordam... E digo (em português, porque já nem o estou a ver) "desculpe, mas não era mais fácil enumerar quais é que podemos apresentar e quais é que não são suportadas pela empresa?" (tipo: hã urso!?, que tal simplificar a vida à malta e não andar a fazer surpresinhas tipo ovo kinder?).
E responde o chefe: "pois, pensámos nisso (ehpá, ninguém diria que pensas) mas pode haver excepções, para as pessoas que precisem mesmo dessa despesa paga.
Não, não, não. Isto não me está a acontecer!!! Ando eu feliz da vida a dizer que esta é a melhor empresa do mundo, que nos paga acima da média, que se preocupam mesmo connosco e sou agora surpreendida por uma alarvidade destas? E o pior é que fui a única a sacar da catana, colocar-me en garde e perguntar mas que merda é esta? Passei-me e hoje estou para lá de aborrecida (isto para manter aqui algum nível nas palavras e ser uma menina comedida que o resto me fica mal, dizem...). Além do meu chefe ter dado o completo tilt, ainda tenho os artistas da bola todos encolhidos, cheios de medo de apanhar um camassal de porrada por fazer uma mísera pergunta!
É de mim ou anda tudo um bocado com o rabo entre as pernas? É da p... da crise? Só pode!