quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

um balanço de ano, de vida *

«Vivemos cheios de perguntas. De perguntas para as quais não conseguimos respostas, a maior parte do tempo. Por vezes, são tantas as perguntas sem resposta, que se transformam numa espécie de ruído surdo, difuso. Como em (quase) tudo, importa perceber. E, uma coisa muito importante: perceber que nem sempre dá para perceber. E que, face a algumas perguntas, o melhor que se pode fazer é mesmo isso: não querer perceber. Uma coisa que só vem com o tempo e com umas quantas experiências, creio. Porque a nossa tendência natural é para esclarecer, dizer, ouvir, circunstanciar. O mais que se puder, por se pensar que é esse o caminho da paz, por mais difícil que às vezes possa ser. E não. Com o tempo, vamos aprendendo que nem sempre esse é o caminho da paz. E, que, por vezes, o melhor é não querer entender coisa nenhuma que não tenha uma explicação que não seja só água, de límpida. Porque esse é um caminho que não vai levar a sítio nenhum. Um caminho que nos desvia de outros caminhos. Mas, para chegar a este ponto, é mesmo preciso passar por umas quantas coisas. Não há uma maneira fácil. Não vem nos livros, não há filosofia que ensine. Por mais que as filosofias e que os livros sejam salvíficos, tem de ser da maneira difícil. Tem de ser pela vida. É pela vida que se chega a esse ponto de identificarmos o que é que não é para perceber.»
ᨆ  
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