«Há pessoas que não gostam de
nós. Não é preciso serem pessoas
com a mania da conspiração. Simplesmente não
gostam de nós, *com a mesma naturalidade com que não gostam de puré de batata. Há quem fique verdadeiramente incomodado quando percebe isso… ainda para
mais porque puré de batata não é assim tão desagradável. O que normalmente
acontece é tentar agradar a todo o custo à outra pessoa – quase implorando que goste de nós – ou ficar
tremendamente indignado com o facto de não sermos gostados…
Se formos o que é suposto sermos – com toda a autenticidade e radicalidade que
isso implica – vamos necessariamente chocar com outras
pessoas. Vamos ser diferentes do que elas gostariam que fossemos. Vamos
ter visões diferentes do mundo e vamos fazer escolhas diferentes. E isso é
motivo para estarmos agradecidos. Não só porque a diversidade é
uma riqueza, mas porque é uma coisa terrível ser alguém de quem toda a gente
gosta. Porque para isso acontecer é preciso estar sempre a mudar
para agradar a toda a gente. É preciso ter 100 máscaras diferentes. É preciso
deixar de ser autêntico e passar a ser um personagem inventado. Personagem que
por ser inventado não consegue ser feliz.
Da próxima vez que não gostarmos de alguém, da próxima vez que alguém não
gostar de nós… não nos vamos preocupar. Vamos antes ficar agradecidos…
tanto que certamente haverá alguém que gosta de puré de batata.» | inesperado.com |