domingo, 25 de agosto de 2019

quase 10 anos depois *

houve uma altura em que queria e pedia mais. em que nada era suficiente e a insatisfação que me fazia correr atrás de mais era um modo de vida que conjugava com orgulho. houve uma altura em que achava que me devia todo o mundo que ambicionava, achava que ir era o único verbo que me assentava, que estar era mais importante do que ser e que dar respostas era mais importante do que fazer perguntas.
mas hoje, hoje não quero mais do que isto. não quero mais do que os sorrisos que somamos e a possibilidade infinita de escolhas que temos para viver. não quero mais do que poder continuar a voltar aos sítios onde fomos felizes e ser feliz outra vez. não quero mais do que a imensidão dos dias em que a tua mão é tudo o que preciso para me sentir segura, em que a tua voz é tudo o que preciso para saber que está tudo bem e que fica sempre tudo bem, em que o teu abraço é a melhor casa em que algum dia morei.
sim, hoje basta-me o fulgor dos nossos dias, faça chuva ou faça sol. basta-me a certeza da nossa bonança, por mais tempestades que tenhamos de atravessar. basta-me a confiança dos passos certos que damos mesmo quando há tanto de incerto no caminho que trilhamos. basta-me este sentido de pertença e os alicerces da (nossa) vida inteira. e basta-me este tão desejado estado de graça. este inabalável sentido maior da vida, que em cada amanhecer e em cada adormecer me lembra sempre que saber esperar é um acto de amor. e de fé.