''Perdemos
muito tempo. Com coisas menores, com pressa. Pressa para quê? A nossa vida
é, na verdade, um micro mundo, onde os pontos cardeais são as pessoas que nos
são importantes. Tentamos não ter de ter tantas saudades delas, quando não
estão por perto, tentamos que elas sintam que gostamos mesmo delas, tentamos
uma organização básica dos nossos dias, que faça com que as nossas rotinas nos
criem uma zona de conforto. Que saibamos com quem contamos, que tenhamos
horários padrão, que haja um fio condutor qualquer que faça com que não
percamos o pé.
Que os nossos
fracassos nos ajudem, nunca perdendo aquela força que vem da ideia de que o que
não nos correu bem não nos pode parar e que há que aprender e tentar melhorar,
com todo o empenho, sempre. E procurar ajuda, se for preciso. Acreditar nas
pessoas e no seu gostar de nós. Exercer o nosso gostar das nossas pessoas, sem
reservas é uma saudável tentativa de vida boa.
E quando nos
fazem mal, quando somos injustiçados, mal tratados, quando abusam da nossa boa
vontade, ou da nossa ingenuidade, é bom ter presente que toda a maldade é
fútil. Até porque, um dia, morreremos. Não há volta a dar.
Se fosse
hoje, ou amanhã, ou depois? Estaríamos plenamente satisfeitos com o ponto em
que estávamos no nosso ultimo segundo? Ou diríamos: se eu soubesse...''