«Muito se fala em “seguir o coração”,
mas nunca nos ensinaram “como”. Não aprendemos no meio do raciocínio lógico a
matemática dos passos, uns atrás dos outros que vamos dando nesta vida à
procura dos lugares onde somos felizes. Muito nos ensinam acerca de “estudar
para ter boas notas”, “conseguir um emprego que pague bem”, “casar e ter
filhos” e “gozar a reforma” se a saúde deixar. Por isso muita gente se encontra
a fazer “tilt”. Termina vínculos contratuais e vai à procura de algo que deixou
pelo caminho e não sabe o quê. À procura desse encontro consigo mesmo, sem
saber sequer por onde começar. Eu comecei a viajar. A seguir por ai sem
destino. Sem pensar muito nos “conselhos” que me davam, e a ouvir aquela
voz baixinha do coração que me ia encaminhando pelos lugares que me mostraram
quem sou. Fui aprendendo a gerar silêncio para conseguir ouvi melhor, e cada
vez que seguia esse doces comandos, surpresas e avanços me levavam ainda mais
dentro. Foi nesse aprender a ouvir e a ler o mapa que o coração me foi dando,
que fui descobrindo o que a vida tem para me dar. Fui confiando tanto que agora
quem cuida de mim é a minha própria vida. Eu só tenho que ir olhando para o
mapa e seguindo. Sabendo que lá na frente, quando chegar ao lugar de
destino, saberei porque o meu coração me fez dar aquela volta ou me encaminhou
directamente a determinado lugar. Só quando chegar a esse lugar é que saberei
que lugar é esse, pois me atrevi a seguir às escuras, aproveitando cada passo,
até chegar aonde tenho que chegar. Por mais estranho que pareça, a vida é por
si só um elemento de inteligência que sabe mesmo aonde nos levar. Basta que
para isso aprendamos a ouvir, ler e confiar.»