tão isto, tão a força em que acredito*
«É pela vida que se chega a
esse ponto de identificarmos o que é que não é para perceber. Que algumas
perguntas têm mesmo de ficar sem resposta, sem que isso signifique abdicar da
capacidade de ler o mundo, de registar. Tem de se passar pelas muitas declinações
do inconcebível. A parte boa é que, sobrevivendo ao inconcebível, há algo em
nós que é invencível. Haja vida em nós, esse dado invencível. Com alguma sorte,
conservamos alguma inocência. Com alguma sorte, aprendemos a ganhar distância.
Com alguma sorte, transformamos numa fortaleza serena a possibilidade
permanente de nos (des)iludirmos. Haja as perguntas que houver, que haja sempre um lugar que seja seguro. Um
lugar qualquer onde chegamos, respiramos fundo, dizemos baixinho deixa
lá e, sem que saibamos como, está tudo bem tal como está, nesse lugar
que para nós for seguro.»
| mar queirós de araújo, in
coisas d’amar |