Foi uma viagem que começou por ser um enorme desafio. Uma super e
maravilhosa relações públicas, geradora, organizadora de eventos, e a pessoa
que foi capaz de fazer mexer uma ilha inteira, a minha tão querida Natacha, a
quem ficarei para sempre grata, mandou o mail desafiador:
- Sofia, queres vir fazer um
Workshop a S. Miguel?
- Amava, era simplesmente
maravilhoso!
E claro que foi. Porque tudo, mas mesmo tudo, excedeu as nossas
melhores expectativas.
Do início.
A viagem a bordo do “Ciprião de Azevedo” (Açoreano, autor da frase: Antes
Morrer Livres do que em Paz Sujeitos - a divisa da região Autónoma dos Açores),
um avião com uma enorme baleia pintada no dorso e a simpatia e atenção de toda
a tripulação da Sata que foram simplesmente fantásticos.
À espera em Ponta Delgada.
Tínhamos já a nossa querida Natacha, que nos encaminho para o novíssimo Neat Hotel Avenida, ainda com aquele cheirinho a novo e a tinta, que eu tanto
adoro. O Neta é um hotel muito giro, super bem localizado no
coração de Ponta Delgada num conceito urbano e com uma filosofia jovem e
acessível, o que no nosso caso, encaixou como uma luva. Durante o resto do dia
passeámos por Ponta Delgada, com uma visita e lanche demorados no Louvre
Micaelense e um jantar na Tasca.
Na manhã seguinte.
Seguimos para a Radio Atlântida, para uma entrevista com o
querido Carlos Rodrigues. que partilhou connosco a forma como se apaixonou na e
pela ilha, e se mudou de armas e bagagens para este pequeno paraíso (e como nós
te entendemos bem).
Rumámos então, para um sítio que ficará para sempre no nosso coração:
o Terra Nostra Garden Hotel que abriu as suas portas em 1935 e
é apenas um dos sítios mais bonitos, onde já estive em toda a minha vida.
O Hotel tem um charme Art Déco irresistível e está inserido num pequeno
paraíso de 12 hectares de jardim com mais de duzentos anos. Localizado na
cratera de um vulcão e com uma das maiores colecções de camélias do mundo, já
mereceu a inclusão na lista de Best Green Retreats da revista Condé Nast Traveler. O nosso pequeno passeio matinal, foi uma autêntica viagem de
sentidos, porque ora nos sentíamos numa selva amazónica ora naqueles jardins da
época dos reis e palácios, com dezenas de recantos mágicos e envolventes, até
nos perdermos uns dos outros. Uma experiência realmente muito bonita, à qual
recomendo que se acrescente um mergulho nas águas férreas, com temperaturas
entre os 36 e os 38 graus. No inicio estranha-se um pouco mas depois é
fantástico e fica a ideia que estamos a tomar banho dentro de um vulcão
Era este espaço que me estava reservado para a apresentação do às
nove no meu livro e realização do workshop. Um workshop
que correu maravilhosamente, reunindo 20 pessoas de várias àreas e empresas da
região.
Ao terceiro dia.
Viajámos até ao Nordeste, onde mais uma vez tivemos a felicidade de estrear
um hotel, neste caso o The Lince Hotel, a nova unidade hoteleira de
quatro estrelas da região, que resultou da reformulação de uma estalagem
fechada desde 2013. Fomos maravilhosamente recebidos e tivemos o enorme prazer
de ter por companhia a querida Ana Paula Lopes a diretora do Lince que
nos contou um pouco da sua história pessoal, da história deste hotel, deste
desafio e da sua fé num futuro que avizinha muito risonho. Uma grande inspiração.
No resto dos dias, deliciámo-nos a viver a ilha e a partir à aventura.
Saíamos de manhã e regressávamos à noite, na belíssima Skoda
Octavia, cedida pelo grupo Bensaúde, uma carrinha super
confortável, fiável e económica, que andou sempre carregada com malas e
pranchas em cima. Percorremos assim mais de 1.500km em cinco dias. Foram
subidas e descidas, praias, cascatas, parques naturais, miradouros, lagos,
cidades, aldeias, povoações, sempre com o maior conforto, economia, capacidade
de carga e segurança. Pelo caminho comemos Queijos, Lapas e Peixe Grelhada na
Caloura. Fomos à Lagoa das Furnas e enchemos a barriga com o famoso Cozido.
Fomos à Lagoa do Fogo, à do Canário e à das Sete Cidades. Vimos o Pôr do Sol na
Ponta dos Mosteiros e o nascer no Nordeste. Surfámos nos Areais de Santa
Barbara e nos Mosteiros, mergulhámos nas piscinas da Lagoa e da Caloura, na
Ribeira dos Caldeirões e no Ilhéu de Vila Franca do Campo. Fizemos praia na
Baixa da Areia e assistimos a uma procissão onde ficámos rendidos à expressão
de fé, deste povo. Passeámos pelos Jardins de Chá da Gorreana e
armados de coragem, descemos à fabulosa praia da Amora. Por todo o lado onde
andávamos havia sempre, mas sempre, um denominador comum: À distancia de um
olhar, lá estava uma vaquinha feliz, na sua vida lenta e ruminante, indiferente
a quem por ali passa.
Deixei para o fim, propositadamente o que considero ser o mais importante,
as pessoas. Os Açoreanos.
Durante estes dias conhecemos e conversámos com pessoas muito diferentes:
Directores e Gerentes, Pescadores e Pastores, Empregados e Patrões,
Agricultores e Padeiros, Homens e Mulheres, Novos e Velhos. Essa foi de longe,
a melhor experiência desta viagem. Pessoas que se juntaram a mim neste
projecto, que colaboraram e se empenharam de coração para que ele fosse um
sucesso. Poucos dias antes de embarcarmos conheci pessoalmente um Açoreano por
quem tenho uma admiração especial: O Joel Neto é o autor de um dos livros que
mais gostei de ler este ano - Arquipélago. Antes da viagem ele confidenciou-me
essa particularidade das pessoas nos Açores, que gostam efectivamente de nos
receber como em suas casas. E nós sentimos perfeitamente esta realidade, sendo
sempre recebidos, em qualquer lugar que fossemos, com uma simpatia e um calor
contagiante.
Foi uma viagem que ficará para sempre na minha memória e no meu coração.
Tenho de agradecer a muitas pessoas, mas naturalmente particularizar o empenho,
o esforço, o carinho que tornou tudo isso possível e que é um enorme mérito, da
minha querida Natacha (assim como da Associação dos Veteranos de Nordeste). Bem-hajas e bem-hajam todos os Açoreanos que nos
receberam de braços abertos. Muito obrigado e parabéns pelo que são.