quinta-feira, 20 de abril de 2017

sobre acreditar: só fica o que for para ficar*

houve um tempo em que o medo de perder impedia-me de acreditar que podia ganhar. houve um tempo em que o medo de cair impedia-me de acreditar que podia voar. houve um tempo em que o medo de saber impedia-me de acreditar que podia falar. houve um tempo em que o medo de falhar impedia-me de tentar, impedia-me de desapegar, impedia-me de soltar, impedia-me de acreditar que podia (porque merecia) deixar de aguentar.
depois chegou outro tempo. um tempo de abraçar todos os danos e perceber que nunca mais seria a mesma (e agradecer por isso, todos os dias). depois do depois, chegou um tempo de aprender a respirar fundo, de dizer bem alto ‘’gosto muito de mim’’, de encolher os ombros ao resto muito mais vezes, de virar a página sem medo do que virá a seguir, de pôr pontos finais sem perder muito tempo com as vírgulas dos outros, de me ouvir em primeiro lugar, de me querer bem em primeiro lugar, de me dar os parabéns por cada passo firme que dou e por me apoiar sempre em cada rasgo de força que resgato sempre que a vida me convoca para recomeçar.
entre o antes, o depois, e o depois do depois, da pessoa que fomos, da pessoa que somos e da pessoa que queremos ser, há sempre um tempo de medo. seguido de um outro, de fé. e de um outro ainda, de força, coragem e foco apesar de qualquer medo. até do medo do próprio medo.

» créditos imagem | the noisy plume