depois, também chegam aqueles dias em que
respirar fundo dói muito. chegam aqueles dias em que dar um passo cansa muito. chegam
aqueles dias que nos trazem mar nos olhos e nos levam as certezas (quase) todas. depois, também chegam aqueles dias que nos
deixam o coração fechado para restauro.
nesses dias, não adianta esbracejar. não adianta
forçar. não adianta gritar até doer a garganta. não adianta ficar zangada com a
vida e chamar-lhe muitos nomes. não adianta pôr o que de verdade importa em causa e deixar que o
nevoeiro cerrado não nos deixe ver o lado bom de tudo (e esse lado existe sempre, sempre!).
nesses dias (aprendi) adianta virar-nos
para dentro. adianta levar connosco (apenas e só) o que nos vai ajudar no
processo de restauro do nosso melhor lugar. adianta (muito) parar. parar mesmo.
pôr o resto do mundo em pausa. colocar a nossa máscara de oxigénio. abraçar-nos até sentir o ar
entrar por todos os lados. e aí, respirar. e aí, levantar. e aí, continuar a
acreditar. e aí não dar muito (mais) espaço para a tristeza se sentir bem e, ao nosso lado, ficar.
talvez volte a doer. talvez volte a doer muito.
mas eu sei - porque acredito - que vai passar. como sempre, como em tudo.
demore o tempo que demorar.