ao longo da vida vamos tomando
decisões. umas pequeninas, fáceis e pouco barulhentas, outras gigantescas,
dolorosas, que levantam poeira, abanam estruturas, rasgam janelas em nós, mudam
a nossa vida para sempre. fazem-nos perceber, logo ali, a nossa verdade e o
caminho que queremos seguir. quase sempre, e porque abrem espaço para o novo, fazem
doer, fazem arder, mas trazem com elas uma bula: ensinam que o que arde cura.
ao longo da vida vamos aprendendo
que, às vezes, é bom ficar sem tecto para ganhar estrelas [e um dia aprendemos a
agradecer por isso]. vamos descobrindo que a pergunta certa para (quase) tudo é
para quê, e não porquê. que o conforto de não arriscar dar um passo – à frente,
ao lado, ou atrás - é ficar para sempre a meio caminho. e que quando, dentro do
turbilhão dos dias, não conseguimos perceber o que queremos, devemos tentar
prestar atenção àquilo que não queremos.
ao longo da vida, vamos
percebendo (e, com tempo e amor, aceitando) que, muitas vezes, só depois do
desespero vem a paz.