domingo, 23 de outubro de 2016

sobre aquilo que parece [só] sorte*

«Gosto muito do que faço. Acho que isso ajuda a que o faça bem.
Aliar competências técnicas à paixão é muito mais fácil do que estimular paixão onde só existe técnica. Mas mesmo a melhor paixão tem técnica, tal como a sorte tem estratégia.
O nome pode ser lexicalmente pobre para o conceito, mas poucos frutos há nesta vida que tenham sido consequência de cultivo alheio e displicente. Quando se diz que a sorte dá trabalho, quem a tem sabe o quanto deu tê-la. Mas a sorte não é saldo de produto tangível, não vinga em cálculos e folhas de Excel. A sorte é tão imaterial como a paixão, só se revela como efeito, não enfeita, nem se faz anunciar. Talvez aí esteja a magia, talvez aí a inveja de quem não lhe reconhece o esforço, por não lhe ver cultivo.»