«O Verão está a acontecer outra vez. E é
sempre tão fácil. Em mil e uma coisas, tem a ligeireza de uma rapariga de
cabelos soltos e pés descalços. O que quer que aconteça, aquela leveza estival.
Acordar e adormecer. Começar e recomeçar. Terminar coisas e deixar que elas
respirem o que tiverem de respirar, até que sejam só uma paz qualquer em nós.
Ter nascido sob o signo do sol determina
amar os dias de Verão como entidades sagradas e prestar-lhes um culto
quotidiano mais intenso do que em todas as outras estações. E não precisar (nem
conseguir) enumerar as razões do meu amor sagrado pelo Verão. Tal e qual como
no poema: quando puderes dizer o teu grande amor/deixa o teu grande
amor de ser grande. Assim mesmo. É uma coisa de viver. Só isso.»
| mar queirós de araújo in, coisas d’amar |