Antigamente, esperavamos pelas férias que
passavamos na aldeia como quem espera a vida toda pelo verão. Contavamos os
dias que faltavam até chegar o dia em que a única roupa que queriamos vestir
tinha nome de liberdade. Os dias eram cheios do melhor que a vida tem: a
alegria dos avós, os olhos que brilhavam e se emocionavam por nos terem ali,
perto, dentro. Os abraços que nos davam sempre acompanhados de um ‘’estás uma
mulher!’’ apesar dos nossos ainda pequenos 9, 10 anos. E eramos felizes. Eramos
mesmo felizes. Numa aldeia pequenina no meio do campo, rodeados de muitas
árvores de fruto e uma horta cuidada com amor, os animais para cuidar, um campo
a perder de vista que corriamos com os primos, os amigos, os vizinhos e os
cães, sem nunca nos cansarmos. Era tudo simples e há saudades que pedem ao
tempo que volte para trás.
Naquela casa muito simples mas cheias de histórias
para contar, sabíamos que o essencial é igual em todo o lado, mas na terra dos
meus avós eramos ainda mais felizes. Porque a vida corria mais devagar, porque
o ar era muito mais puro, porque as pessoas eram menos apressadas, davam valor
ao que realmente importa, queriam saber de nós genuinamente, e abraçavam-nos
com força. Porque o céu tinha mais estrelas, porque o silêncio era mágico e
porque o regresso a casa se fazia com o peito cheio de saudades e a contar os
dias até ao próximo verão na terra dos meus queridos avós.