1. para ler.
2. para ouvir.
3. para ver.
4. para ir.
5. para saborear.
Palavras que podiam ser minhas, soubesse eu escrever assim:
«Quando se caminha
muito, e se perde, tudo que a cabeça pensa é em nascente, para beber esperança
e pontos cardeais. A gente se perde tanto –e se encontra sempre nela, na
nascente. Haja nascente pelo mundo para nos ligar –a nós mesmos. Cada nascente,
ainda que modesta, que se veja miúda, guarda o segredo enorme do que se
abastece sozinho, dos outros, de tudo, até tornar-se finalmente navegável,
mergulhável, nadável, admirável. Amor. Amor é um rio, filhos. Nasce ali,
quietinho, ao som de poemas cantados ou ao silêncio do sol que não volta mais
(hoje). De mãos dadas, em caminhadas onde nos perdemos e nos encontramos e nos
permitimos manter a esperança viva num ponto do peito perto de um ponto
cardeal. Amor é um fio, filhos. Nos liga estreitamente, faz festa no peito com
direito ao coreto da praça todo iluminado, com bandinha tocando em cima. Desde
que cada um de vocês chegou, minha vida renasce na mesma nascente. Onde o amor
começa, onde somos pequenos, miúdos, mas logo nos tornamos amazônicos.»
» créditos
imagens | xiomara marques