1. o livro bonito que ando a ler.
2.
a voz viciante que ando a ouvir
3.
o lugar de paz para onde quero ir.
4.
a casa onde podia viver.
5. as receitas que me fazem sorrir.
Palavras que podiam ser minhas,
soubesse eu escrever assim:
«Quando nada mais resulta, vai. Vai ao encontro da natureza, de Deus, de
ti própria, apenas vai. De que vale insistir no que a lado algum nos leva, de
que vale ficar a medir forças, atirar palavras, dizer o que já foi tantas vezes
dito. Vai, chora o que tens a chorar, arruma as frustrações e as expetativas
[já sabes que não deves cultivar expetativas], vai e senta-te na rocha com os
pés no mar. Ouve as gaivotas, o vento que te bate na cara, a ronca do farol ao
longe. Regressa a Carreço ou a outro lugar onde tenhas sido muito feliz.
Lembra-te dos cheiros: das dunas mesmo em frente à varanda, da salsa que
colhias do muro da estrada, do armário do corredor onde a mãe guardava as
bolachas. E depois pensa numa coisa boa [diria ele], anda, faz esse esforço.
Escuta o vento que te bate na cara, o barulho das gaivotas a rouca do farol lá
ao longe. E concilia-te. Contigo própria e com a possibilidade do silêncio. Não
se encontra o que se procura.»
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