1. a música, sempre a música.
2. os bons livros.
3. lugares que nos fazem bem.
4. e pessoas que sabem fazer bem.
5. em julho ainda há lugar para dez sonhadores.
Palavras que podiam ser minhas, soubesse eu escrever assim:
«filhos,
hoje refleti
sobre o amor. Me peguei pensando nesse desenho que me tornei. Eu, que era um
rascunho de gente até que ele voltasse a ser parte de mim. Eu, que vivia para
mim e tão só para mim e nunca fui boa o suficiente comigo mesma para
querer estar com alguém tão intensamente a ponto de não ser somente
"com", mas sobretudo "em" alguém. Estou no seu pai, coração,
corpo, mente, alma. Estou nele a cada segundo dos nossos dias. Eu, que nunca
tive noção de tempo e cheguei a pensar que viver era tanto. Agora tenho pressa,
tenho urgência dele. Estou nele em sentimentos que jamais soube que existiam e
sequer nome têm; talvez tenham nomes em latim como plantas raras que tudo
curam – e que poucos encontram nas densas florestas do cotidiano da nossa
existência. Eu, tão desorientada desde sempre, ando sem bússola no meio dessa
mata, exímia conhecedora que me tornei desde que entendi que minha existência
havia se tornado uma coexistência. Sem ele, inexisto. Com ele, respiro.
Reflito, filhos. Como é fascinante essa sorte que tenho de estar tão perto de
mim mesma, toda a vida.»
[adaptado de
pedrinho fonseca | original aqui]
» créditos imagens | the new domestic