Trago sempre o coração cheio de saudades. De abraços, de muitos
abraços apertados, de abraços de alívio do peso do mundo, de abraços apaziguadores
das saudades de casa, dos abraços únicos desta parte tão boa de mim. Abraços, os
afectos que me movem.
Trago sempre os olhos mais brilhantes quando volto aqui. Sonho o ano
inteiro com estes dias de neve, num país que me é tão querido, e que é sempre
tão tranquilo, tão sereno, de uma paz perfeita. E volto sempre a apaixonar-me
por ele. Há sempre alguma coisa que me volta a encantar, uma montanha nova,
casinhas que fazem as minhas delícias, um ponto mais alto de prender a
respiração. E mesmo que cada nevão seja só mais um, sinto o mesmo espanto, a
mesma alegria, o mesmo entusiasmo comovido, como da primeira vez.
Desta vez ficamos mais tempo, temos ainda tantos dias pela frente. E este suspiro, bem fundo, de
uma felicidade simples, apenas percebida por quem conjuga o ano inteiro a
palavra que devia ser um verbo: saudade.*