quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Tempo de voltar a casa

Já só penso no conforto daqueles abraços que são o melhor porto de abrigo da minha vida. Naquele sítio-amor a que posso voltar sempre e onde sinto que nunca fui embora. Adivinho-lhes os sorrisos e os abraços apertados, a força do «que bom que chegaste», repetida sempre no mesmo tom comovido pelo meu pai, e acompanhada das mãos que seguram as minhas e que têm o melhor cheiro do mundo, de mãe. 
Sei que terão à minha espera todas as coisas boas que gosto e que só a minha mãe faz como ninguém, todos os mimos, todas as atenções, todo o amor. Tudo o que cabe neste bocadinho e que ajuda a compensar o que não partilhamos o ano inteiro. Sei que farão destes dias uma festa e que de vez em quando vão olhar para o calendário na esperança que o tempo possa parar, e que possamos ficar mais um dia, ou dois, ou sempre.
Tento dar-lhes o melhor de mim, compensar a ausência, as falhas que tantas vezes me fazem chorar, ser filha, irmã, tia como queria ser, em presença, o ano inteiro. E procuro encher o peito de ar com a força da família que a vida, de forma tão generosa me deu e pela qual agradeço todos os dias. 
Tempo de voltar a casa. Porque esta é uma saudade que nunca acaba e que mais ninguém preenche.

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