Já só penso no conforto daqueles abraços que são o melhor porto
de abrigo da minha vida. Naquele sítio-amor a que posso voltar sempre e onde
sinto que nunca fui embora. Adivinho-lhes os sorrisos e os abraços apertados, a
força do «que bom que chegaste», repetida sempre no mesmo tom comovido pelo meu
pai, e acompanhada das mãos que seguram as minhas e que têm o melhor cheiro do
mundo, de mãe.
Sei que terão à minha espera todas as coisas boas que gosto e
que só a minha mãe faz como ninguém, todos os mimos, todas as atenções, todo o
amor. Tudo o que cabe neste bocadinho e que ajuda a compensar o que não
partilhamos o ano inteiro. Sei que farão destes dias uma festa e que de
vez em quando vão olhar para o calendário na esperança que o tempo possa parar,
e que possamos ficar mais um dia, ou dois, ou sempre.
Tento dar-lhes o melhor de mim, compensar a ausência, as falhas
que tantas vezes me fazem chorar, ser filha, irmã, tia como queria ser, em
presença, o ano inteiro. E procuro encher o peito de ar com a força da família
que a vida, de forma tão generosa me deu e pela qual agradeço todos os
dias.
Tempo de voltar a casa. Porque esta é uma saudade que nunca
acaba e que mais ninguém preenche.
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